Entenda como o ITIN permite que estrangeiros abram contas, construam crédito e acessem o sistema financeiro americano, mesmo sem residência
Ter acesso ao sistema financeiro dos Estados Unidos deixou de ser um privilégio restrito a cidadãos americanos ou grandes investidores. Hoje, cada vez mais brasileiros buscam abrir contas, investir e construir crédito em dólar, seja para proteger o patrimônio, receber rendimentos do exterior ou planejar uma vida internacional.
O que muitos ainda não sabem é que isso é possível mesmo sem ter residência ou cidadania americana. A chave está no ITIN (Individual Taxpayer Identification Number), o código criado pelo sistema americano para reconhecer quem não é cidadão, mas quer entrar de forma legal no sistema financeiro do país.
“Sem esse registro, o estrangeiro fica limitado a contas digitais simples, que não geram histórico de crédito nem permitem acesso a financiamentos ou investimentos maiores”, explica Francisco Litvay, fundador da Settee International LLC, consultoria sediada na Flórida. Segundo ele, o ITIN funciona de maneira semelhante ao CPF no Brasil, permitindo que estrangeiros sejam reconhecidos pelo sistema fiscal e bancário americano.
O que é o ITIN e por que ele é tão importante
Criado pelo Internal Revenue Service (IRS), o ITIN é um número de nove dígitos destinado a quem precisa se relacionar com o sistema fiscal americano, mas não se qualifica para o SSN. Embora tenha surgido com foco tributário, ele ganhou uma função muito mais ampla: é o código que permite a estrangeiros entrarem legalmente no sistema financeiro dos EUA, sendo aceito por bancos, corretoras e seguradoras como documento oficial de identificação.
Um erro comum é acreditar que solicitar o ITIN implica automaticamente pagar impostos nos Estados Unidos. Na prática, ele apenas identifica o contribuinte, garantindo que, caso seja necessário declarar rendimentos de fonte americana, a pessoa já esteja registrada. “O ITIN não transforma ninguém em contribuinte automático. Ele apenas cria a possibilidade de existir formalmente dentro do sistema”, explica Francisco Litvay.
A diferença entre contas digitais e bancárias
Nos últimos anos, plataformas como Wise, Nomad e Inter popularizaram as chamadas contas internacionais digitais. Elas simplificam transferências, reduzem custos de câmbio e oferecem cartões de débito em dólar. No entanto, essas soluções não substituem uma conta bancária americana tradicional.
Enquanto a conta digital serve apenas para movimentar recursos, a conta bancária nos EUA permite construir um histórico de crédito, algo indispensável para acessar cartões premium, hipotecas e linhas de financiamento. Além disso, depósitos em bancos americanos contam com a proteção do FDIC, que assegura até US$ 250 mil por correntista, uma segurança inexistente nas contas digitais.
O crédito como moeda de confiança
No sistema financeiro americano, o chamado credit score é o passaporte para a confiança. A pontuação varia de 300 a 850 e reflete o comportamento financeiro de cada pessoa. Scores acima de 740 são considerados muito bons; acima de 800, excelentes, patamar exigido para produtos de alto padrão, como os cartões Chase Sapphire Reserve ou American Express Platinum.

Segundo Francisco Litvay, a construção desse histórico pode ser lenta para estrangeiros que chegam sem orientação, levando de 12 a 18 meses até alcançar uma pontuação superior a 700. Com acompanhamento especializado e uso disciplinado do crédito, esse prazo pode cair pela metade. “Abrir a conta é apenas o primeiro passo. O que realmente faz diferença é o uso consciente e constante do crédito”, afirma.
Como funciona o processo de abertura
Embora cada instituição adote seus próprios critérios, a experiência de consultorias especializadas mostra um roteiro comum para estrangeiros que desejam abrir conta nos Estados Unidos:
- Definição do objetivo – Pessoas físicas costumam abrir contas para recebimentos, investimentos e despesas pessoais. Já empreendedores que criam uma LLC precisam de contas comerciais para separar as finanças e acessar gateways de pagamento.
- Solicitação do ITIN – O prazo de emissão varia entre dois e cinco meses. Documentação bem preparada reduz o risco de atrasos.
- Organização dos documentos – Passaporte válido, comprovante de endereço e número do ITIN são básicos. Empresas ainda devem apresentar documentos de constituição, EIN e, em alguns casos, evidências de atividade.
- Escolha da instituição – Bancos tradicionais oferecem uma gama maior de serviços, mas podem ser mais exigentes. Credit unions, menores e regionais, tendem a ser mais flexíveis.
- Comparecimento presencial – Apesar de avanços digitais, a maioria dos bancos ainda exige a presença física. O atendimento dura cerca de uma hora e, em dois ou três dias úteis, a conta costuma estar ativa.
- Depósito inicial e movimentação – Um saldo de aproximadamente US$ 1.000 ajuda a evitar tarifas mensais. Depois, é importante usar a conta de forma coerente com o perfil informado ao banco, para evitar bloqueios.
Riscos e erros mais comuns
Mesmo com regras claras, alguns deslizes podem comprometer a experiência de quem abre conta nos Estados Unidos. Especialistas alertam para cuidados importantes:
- Misturar finanças pessoais e empresariais, o que gera desconfiança nas instituições.
- Movimentar valores elevados sem comprovação da origem, aumentando o risco de bloqueio.
- Utilizar contas americanas para operações com criptomoedas, prática que pode levar ao encerramento imediato.
- Ignorar tarifas de manutenção, que corroem o saldo ao longo do tempo.
A chave para o sistema americano
Abrir uma conta bancária nos Estados Unidos com o ITIN vai muito além da conveniência de receber em dólar. Trata-se de um passo estratégico para quem deseja construir credibilidade financeira em um dos mercados mais competitivos e relevantes do planeta. O processo exige planejamento, disciplina e compreensão de como funciona a lógica do crédito americano, mas os benefícios superam as barreiras iniciais.
Como resume Francisco Litvay, “a diferença entre uma conta digital e uma conta bancária nos EUA é a diferença entre movimentar dinheiro e ser reconhecido como cliente pelo sistema”. Para estrangeiros dispostos a se inserir nesse ecossistema, o ITIN é a chave de entrada.Para aprofundar-se na internacionalização financeira e entender como se preparar para abrir sua conta nos EUA, acesse settee.io/.
